UPA de Nilópolis: O drama do casal que perdeu o bebê e a busca por justiça

UPA de Nilópolis: O drama do casal que perdeu o bebê e a busca por justiça

Uma porta se fechando. Esse é o som que assombra Jony Bravo do Corte e sua esposa desde a madrugada da última sexta-feira. Era para ser um som banal, mas para eles, representou o fim de um sonho e o começo de um pesadelo que chocou o Brasil. Um vídeo gravado no calor do desespero revelou o que pode ser uma falha fatal no sistema de saúde, resultando na perda de seu bebê de seis semanas.

O caso, ocorrido na UPA do bairro Cabuís, em Nilópolis, na Baixada Fluminense, vai muito além de uma denúncia. Ele joga luz sobre a vulnerabilidade de uma gestante em um momento de pânico e levanta uma questão que ecoa em todo o país: até que ponto estamos seguros quando mais precisamos de ajuda?

"Minha esposa está perdendo meu filho!": O grito de desespero que o Brasil ouviu

A noite se transformou em terror por volta das 2h30 da manhã. O que começou com um susto se tornou uma corrida contra o tempo que, tragicamente, eles perderiam.

Estrela 1

Uma madrugada de pânico e sangramento

Tudo começou quando a esposa de Jony, grávida de seis semanas, expeliu o que ele descreveu como uma "bola de sangue". O medo tomou conta do casal. Sem pensar duas vezes, eles correram para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima de casa, no bairro Cabuís, buscando o socorro que acreditavam ser um direito inquestionável.

Com a esposa em uma cadeira de rodas, visivelmente debilitada, Jony implorava por ajuda. Cada segundo parecia uma eternidade.

A porta fechada e o início da tragédia

O momento mais angustiante foi capturado em vídeo. As imagens mostram Jony, desesperado, diante de um consultório. Dentro da sala, uma profissional de saúde. A resposta que ele recebeu não foi um acolhimento, mas uma porta se fechando. A profissional, ao perceber que estava sendo gravada, encerrou a conversa da forma mais definitiva possível. Aquele gesto selou o destino da família e acendeu a chama da revolta que se espalharia pelas redes sociais.

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Após ter a porta fechada, ele clama desesperado por atendimento, sua voz carregada de pânico: "Minha esposa! Está perdendo o meu filho! Vocês são mães, vocês são pais! Pelo amor de Deus!".

Assista ao vídeo do acontecimento:

O que aconteceu na UPA do bairro Cabuís?

Cartão de Todos

Enquanto o vídeo viralizava, as versões sobre a noite trágica começaram a surgir. De um lado, o relato de um pai em luto. Do outro, a burocracia e as notas oficiais que tentam explicar a situação.

A versão do marido, Jony Bravo

Para Jony, não há dúvida: houve negligência. Ele acusa a profissional que fechou a porta, identificada por ele como médica, de ter negado o primeiro e mais crucial atendimento à sua esposa, que sangrava e corria risco iminente. Para ele, aquela porta fechada foi como a sentença de morte de seu filho.

A resposta oficial da Prefeitura de Nilópolis

Confrontada com a repercussão do caso, a Prefeitura de Nilópolis agiu. Em nota oficial, a Secretaria Municipal de Saúde informou que "não compactua com má conduta de profissionais". A medida imediata foi a abertura de um processo administrativo para apurar os fatos com rigor e o afastamento temporário da funcionária envolvida na denúncia.

Câmeras de segurança: as peças que faltam no quebra-cabeça

A prefeitura também afirmou que as gravações do circuito interno da unidade de saúde estão sendo analisadas. Essas imagens são cruciais para montar o quebra-cabeça daquela madrugada. Elas podem confirmar ou desmentir a versão de Jony, mostrando o tempo de espera, a interação do casal com outros funcionários e os protocolos seguidos – ou ignorados – pela equipe de plantão.

Direitos do paciente: Uma UPA pode negar atendimento a uma gestante?

A tragédia em Nilópolis abriu um debate fundamental sobre o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Muitas pessoas se perguntam se uma UPA tem a obrigação de atender uma gestante em trabalho de parto ou com complicações. A resposta é clara e direta.

O que diz a lei do SUS sobre urgência e emergência

Sim, uma UPA é obrigada a atender qualquer pessoa em situação de urgência e emergência, e isso inclui gestantes. Segundo advogados especialistas em Direito da Saúde, a função da UPA é prestar os primeiros socorros imediatos e estabilizar o paciente.

Em casos como hemorragias, crises hipertensivas ou dores intensas, a equipe da UPA deve atuar para controlar a situação de risco. Negar esse atendimento inicial é uma violação grave dos direitos do paciente.

A diferença crucial entre estabilização e parto

É importante entender que a UPA não é uma maternidade. O seu papel não é realizar partos eletivos ou acompanhamento pré-natal. A sua obrigação é estabilizar a gestante em risco. Após a estabilização, a paciente deve ser regulada e transferida de forma segura, via ambulância, para um hospital ou maternidade com estrutura obstétrica adequada para dar continuidade ao tratamento.

A jornada por socorro: mais hospitais na rota da dor

O desespero de Jony não terminou na UPA de Cabuís. Segundo seu relato, a busca por ajuda continuou, transformando a madrugada em uma odisseia dolorosa pela Baixada Fluminense.

A tentativa no Hospital Estadual Melchiades Calazans

Após a negativa na UPA municipal, Jony afirma ter procurado também o Hospital Estadual Vereador Melchiades Calazans. A Fundação Saúde, responsável pela unidade, lamentou o ocorrido e se solidarizou com a família, mas informou em nota que não houve registro de atendimento ao casal no local.

A ajuda que veio do povo

A transferência da esposa de Jony para a Maternidade do Hospital Municipal Juscelino Kubitschek só teria acontecido, segundo ele, após a intervenção de populares. Moradores que testemunharam a cena na UPA teriam pressionado a equipe de uma ambulância para que realizasse o transporte da gestante. Infelizmente, quando o atendimento especializado finalmente chegou, já era tarde demais.

E agora? Os próximos passos da investigação

Com a profissional afastada e uma investigação em andamento, a família e a sociedade aguardam por respostas e, principalmente, por justiça.

O processo administrativo e o afastamento da profissional

O processo administrativo aberto pela prefeitura é o primeiro passo para a responsabilização. Ele irá apurar a conduta da servidora e de toda a equipe de plantão. Dependendo do resultado, as sanções podem variar de advertências até a exoneração do cargo público, sem prejuízo de eventuais ações judiciais.

O que a família pode fazer legalmente

A família de Jony pode buscar reparação na Justiça. Com as provas que possui, incluindo o vídeo, é possível ingressar com uma ação de indenização por danos morais e materiais contra o município de Nilópolis e, eventualmente, contra os profissionais envolvidos, caso seja comprovada a negligência no atendimento.

Um caso que levanta um debate nacional sobre o sistema de saúde

A perda de um bebê na UPA de Nilópolis é uma tragédia individual que reflete um problema coletivo. O caso expõe as possíveis falhas em um sistema que deveria ser a rede de segurança para todos os cidadãos, especialmente os mais vulneráveis.

A história de Jony e sua esposa é um alerta doloroso. É um chamado para que a empatia, o profissionalismo e o respeito à vida sejam sempre a prioridade máxima em qualquer unidade de saúde. Que a busca por justiça para esta família sirva para transformar o sistema, para que nenhuma outra pessoa tenha que gritar por ajuda e encontrar apenas uma porta fechada.

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