O conserto de celular que revelou um crime terrível no Paraná

Publicado em 11/09/2025 21:54

Era para ser só mais um dia de trabalho. Um celular com a tela trincada, um serviço rotineiro em uma assistência técnica de Quedas do Iguaçu, no oeste do Paraná. Mas o que aquele técnico encontrou dentro do aparelho mudaria tudo, desencadeando uma investigação policial que chocou a cidade e o país.

A descoberta não foi de um problema técnico, mas de um horror indescritível. Ao acessar os arquivos para realizar o conserto, o funcionário se deparou com imagens e vídeos que revelavam uma rotina de exploração sexual brutal. A vítima, uma menina de apenas 9 anos. A autora do crime, sua própria mãe.

O conserto de celular que se transformou em cena de crime

Imediatamente, o profissional fez o que era certo: acionou a Polícia Civil. A denúncia era grave e urgente. Ao chegarem ao local, os policiais confirmaram a veracidade do material. Não eram apenas fotos. Havia registros de videoconferências onde a criança era exposta de forma cruel e degradante.

O aparelho, que deveria ser apenas um objeto de comunicação, era na verdade um arquivo de provas de um crime bárbaro. A mulher, de 47 anos, não fazia ideia de que seu descuido em levar o celular para o conserto seria o que desvendaria seu segredo doentio. A partir daquele momento, ela se tornou o alvo principal de uma investigação criminal.

Quem é a servidora pública presa em Quedas do Iguaçu?

A surpresa da comunidade foi ainda maior ao descobrir a identidade da suspeita. Ela não era uma figura "marginalizada", mas sim uma servidora pública concursada, atuando na área da saúde do município. Uma mulher que, em sua vida profissional, deveria cuidar de pessoas, mas que, em casa, cometia o mais terrível dos crimes contra a pessoa que mais deveria proteger.

Presa em flagrante na quarta-feira (3), a identidade dela foi mantida em sigilo para proteger a vítima. A prisão abalou a estrutura da pequena cidade paranaense, onde todos se perguntam como algo tão terrível pôde acontecer debaixo de seus narizes.

A confissão que chocou os investigadores: 'rituais' e videochamadas

Levada para a delegacia, a frieza da mãe durante o interrogatório deixou os policiais perplexos. Sem rodeios, ela confirmou que a menina nas imagens era sua filha. Mais do que isso, confessou que compartilhava ativamente todo o material com um namorado. As videochamadas, onde a criança era exposta sexualmente, também eram feitas para satisfazer os desejos do parceiro.

O delegado Emanuel Fernandes Monteiro de Almeida, responsável pelo caso, revelou detalhes ainda mais perturbadores. A investigação aponta para uma rotina de caráter "ritualístico".

"As investigações [...] apontam que a investigada adotava uma rotina de caráter ritualístico, envolvendo sucessivos abusos e 'massagens', com a finalidade de satisfazer a lascívia de um homem que ainda será identificado", informou o delegado.

O namorado e a suspeita de uma rede de cúmplices

A confissão abriu uma nova frente de investigação. A polícia agora trabalha para identificar e localizar o namorado que recebia os arquivos e participava das chamadas de vídeo. A suspeita é que ele não seja o único envolvido. A polícia acredita que mais homens podem ter participado ou recebido os materiais, o que pode caracterizar uma rede de exploração.

Dois celulares da mulher foram apreendidos, o que estava no conserto e outro que ela entregou voluntariamente. Ambos passarão por uma perícia minuciosa em busca de mais provas e da identidade de outros possíveis envolvidos.

"Massagens" e abusos em série: o que diz o delegado

O termo "massagens" usado pelo delegado sugere um método de abuso contínuo e disfarçado de cuidado. A mãe usava sua posição de autoridade e confiança para cometer os atos, transformando a casa em um cenário de horror para a própria filha.

Ela responderá pelo crime de possuir conteúdo de exploração sexual infantil, mas também é investigada por estupro de vulnerável, além da produção e compartilhamento do material. O caso segue em sigilo para não atrapalhar o andamento das investigações.

O que acontece agora com a menina de 9 anos?

A vítima, a peça mais frágil e importante dessa história, foi resgatada. Ela está sob os cuidados do Conselho Tutelar e passará por um acompanhamento psicológico no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). O objetivo é entender a dimensão do trauma e garantir que ela receba todo o apoio necessário.

A previsão é que, após os primeiros atendimentos, a menina seja encaminhada para a casa de outros familiares, longe do ambiente de terror em que vivia. O caminho para a recuperação será longo, mas o primeiro passo, o de tirá-la do ciclo de violência, já foi dado.

Prefeitura se manifesta e defesa da mãe alega "equívoco"

A Prefeitura de Quedas do Iguaçu emitiu uma nota oficial repudiando o caso. A administração confirmou que a mulher é servidora e informou que "adotará as devidas medidas cabíveis no âmbito administrativo" assim que for notificada oficialmente, reafirmando o compromisso com a proteção infantil.

Enquanto a cidade e a polícia estão em choque, a defesa da mãe, representada pelo advogado Henrique Cavasolla, alega que tudo não passa de um "equívoco". Em nota, o advogado afirmou que "no momento oportuno e de forma técnica, a defesa se manifestará no sentido de trazer a verdade aos autos".

Um herói anônimo: a importância da denúncia do técnico

Em meio a uma história tão sombria, a atitude do técnico da assistência de celular brilha como um ponto de luz. Sua coragem e senso de dever foram fundamentais para quebrar o ciclo de abuso e salvar a vida de uma criança. Ele é um herói anônimo que prova que uma única pessoa pode, sim, fazer toda a diferença.

Este caso serve como um alerta brutal sobre os perigos que podem se esconder atrás da porta de qualquer casa. E reforça a importância de denunciar. Qualquer suspeita de violência contra crianças e adolescentes deve ser comunicada às autoridades. O silêncio, em casos como este, custa infâncias.